terça-feira, 4 de setembro de 2012

Saudades




Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?... 
Se o sonho foi tão alto e forte 
Que pensara vê-lo até à morte 
Deslumbrar-me de luz o coração! 



Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão! 
Que tudo isso, Amor, nos não importe. 
Se ele deixou beleza que conforte 
Deve-nos ser sagrado como o pão. 



Quantas vezes, Amor, já te esqueci, 
Para mais doidamente me lembrar 
Mais doidamente me lembrar de ti! 



E quem dera que fosse sempre assim: 
Quanto menos quisesse recordar 
Mais saudade andasse presa a mim! 


Florbela Espanca, "Livro de Sóror Saudade"




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